15 de jul. de 2011

Soul longboarder





Das raízes do surf, desenterrado e recriado por surfistas, amantes do verdadeiro espírito aloha, o longboard após anos de existência alcançou uma posição ilustre no cenário do surf mundial. A categoria, que por muitos anos fora quase esquecida e descriminada por pessoas que deixaram de acreditar na força de uma tradição, nas inúmeras histórias contadas por gerações de surfistas e na simplicidade de suas manobras, hoje possui adeptos em todo o mundo. Os amantes dessa arte costumam tratar suas pranchas como verdadeiras peças de uma coleção. Não que eles sejam raros, mas a tradição e o trabalho artesanal de shapers que sabem valorizar um longboard com noses e rabetas de madeira, detalhes na laminação e quilhas, os tornam verdadeira obras de arte para apreciadores e praticantes dessa herança trazida do estrangeiro. Cada prancha é uma peça única e somada ao estilo subjetivo de se surfar o longboard se tornou mais que um esporte praticado por muitos, hoje é um estilo de vida.

Quando se pensa em um longboard, a primeira imagem que vem a nossa mente é a de uma prancha grande, lenta, difícil de passar a arrebentação, mas fácil para entrar na onda. A maioria das pessoas vê o longboard dessa maneira e acabam esquecendo das suas vantagens e o lado sem compromisso que ele proporciona. Essa, na minha opinião é a qualidade mais importante do surfe de pranchão. O surfe pelo simples prazer de deslizar sobre uma onda, aproveitando dela seus movimentos, fazendo com que o surfista passe a perceber não só o lado radical da onda, mas sua forma como um todo, que pode ser explorado com manobras exclusivas do longboard.

Hoje, o surfe evoluiu muito e continua evoluindo em comparação há vinte anos atrás. O conceito que se tinha sobre o longboard nessa época foi sendo adaptado para as nossas ondas e nossos surfistas. Muitas coisas mudaram desde então. Uma nova prancha foi criada a partir de um longboard clássico misturado com traços de um shortboard. As mudanças feitas nesse novo modelo de prancha alterou muito o rumo da evolução do longboard. A antiga single fins foi substituída por uma quilha menor e foram acrescentados dois estabilizadores. Sua largura máxima, espessura, bordas e rabetas também foram alteradas para proporcionar uma maior manobrabilidade durante o surfe e não perder as tradicionais manobras de nose. Nasceu o longboard híbrido.
Esse tipo de prancha passou a ser preferência entre os praticantes e competidores do longboard. Claro, o radical poderia ser mais explorado na onda e acabou colocando o estilo clássico novamente de lado. Alguns surfistas mais conservadores criticaram o novo estilo, que passou a ser empregado nas competições. Muitos competidores usavam um longboard nos campeonatos, surfando como se estivesse sobre uma pranchinha. Parecia que toda a tradição iria se perder. Até que uma regra foi imposta nas competições, alterando o estilo que deveria ser julgado. Agora com essa regra, os competidores foram forçados a praticar um estilo híbrido, onde em cada onda deve haver 50% de manobras clássicas e 50% radicais. Isso foi um alívio. Não que eu seja contra o surf radical, mas o rumo que o surfe de longboard parecia estar tomando, muitas coisas legais iriam se perder. Na verdade o longboard perderia seu espírito, a sua essência.

Surfar é tudo que envolve o surf, é todo o ritual. Acordar bem cedo, tomar o café da manhã, preparar a prancha, e, até chagar na praia o sujeito já começou a surfar, sua mente já está usando a energia motivadora e altamente benéfica para seu corpo que o surfe proporciona.
Essas são algumas diferenças que fazem o longboard ser tão especial. Isso é o que torna uma competição de longboard parecer mais com um encontro entre amigos, pois são pessoas com um ponto de vista diferente da maioria. Não que essas pessoas sejam melhores que as outras, mas o longboard os educou dessa maneira. Mesmo os longboarders mais novos seguem nesse caminho como se isso fosse um instinto próprio. A maioria da garotada já conseguiu absorver o feeling de surfar com um pranchão. Sei que sempre vai rolar um pauladão na parede da onda, mas tenho certeza que o clássico nunca será esquecido, mesmo pelas novas gerações.

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